Ponta do <i>iceberg</i>
O total de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar brasileira está amplamente subestimado, considera o presidente do Comité de São Paulo da Comissão Nacional de Verdade. Durante a entrega simbólica do relatório preliminar da Comissão à presidente Dilma Rousseff, terça-feira da semana passada, dia 9, António Carlos Fon frisou que os 434 mortos e desaparecidos confirmados até ao momento podem ser apenas a ponta do iceberg.
Exemplo desse facto é a suspeita de que só numa vala comum de um cemitério de São Paulo estejam mais de mil cadáveres, referiu, embora sublinhe que, apesar de cada Ministério durante a ditadura possuir um departamento de informação, a tarefa não é fácil porque muitos dos milhões de documentos produzidos no período de 1964-1985 foram propositadamente destruídos.
Acresce que à época, milhões de brasileiros não detinham cédula de identificação, o que avoluma a dificuldade de apuramento da verdade recorrendo e confrontando os registos oficiais.